1
Muitos artistas dissimulam na vida o que expõe na arte, enquanto outros ocultam na arte o que praticam na vida.
2
O poeta aprende a se aprofundar nas palavras na mesma medida em que começa a desconfiar delas.
3
Parte da expressão do artista e, mais propriamente, o “como se expressa”, está diretamente relacionado com o modo pelo qual ele sente e aprecia o mundo dentro de si – ou a partir do que lhe é mais singular. Este modo, por sua vez, está vinculado a diversas variáveis, como, por exemplo, a capacidade de percepção, o poder intelectual, as potencialidades corporais e fisiológicas, a formação das sensibilidades, a maneira como organiza as peculiaridades de seu temperamento etc.
4
Tentar tornar o experimental na arte algo demasiado racional leva, muitas vezes, a uma conceitualização vazia, já que o jogo e o acaso do primeiro dificilmente são abarcáveis pelos limites do segundo.
5
Raramente há uma repulsa sentimental a uma arte no que diz respeito à sua totalidade, mas quase sempre por determinados motivos e partes específicas internas a ela. Isso também explica o fato de que, quando estamos diante de uma arte que não gostamos, podemos muito bem isolar uma parte interessante dentro dela e aí se fixar – de modo que, com o tempo, o interesse acaba se dirigindo também a outras partes.
6
O ritmo com que o ritmo é escutado é capaz de alterar a própria existência de um “em si” rítmico.
7
As formas, harmonias, cores etc. nos forçam a tomar caminhos determinados, na medida em que impõe limites a partir de suas próprias limitações intrínsecas. Tais caminhos costumam ganhar, assim, certa convergência: quando se encontram, nascem os “estilos”, “gêneros” etc., que não são mais do que meios mais ou menos constantes na arte, e que facilitam tanto sua criação quanto sua recepção.
8
Os talentos artísticos se destacam de acordo com o desenvolvimento e a especificidade das condições: aquilo que em uma época é sinônimo de interessante virtuosismo, em outra pode não passar de expressão monótona e vazia.
9
Por vezes o que aparece para o artista enquanto arte, ou pelo menos enquanto algo digno esteticamente, não é a arte ou o produto final, mas o mundo mesmo ou determinados fenômenos que o impelem à criação: para o público, no entanto, isso em geral se inverte.
10
Sonhamos acordados, em forma de arte, aquilo que o sonho exprime mas não conserva.