1
O soldado encara a morte e esta lhe traz o poder para a guerra; o homem encara a solidão, e a aceitação da possibilidade do costume com esta traz-lhe poder sobre a vida.
2
O que fazer de grande quando ninguém mais reconhece as verdadeiras grandezas? – Há uma solidão reservada às grandes ambições para as quais não existem públicos às suas alturas.
3
Assim como na guerra híbrida, também na realidade cotidiana certas palavras na ponta da língua podem gerar mais medo e alvoroço do que a ponta de um fuzil.
4
Muitos são adoradores do Estado até o dia em que são recrutados e forçados a servir como carnes de canhão na guerra.
5
O poeta e o tirano político possuem algo em comum: ambos podem mentir sem prestar contas a ninguém.
6
Por causa das palavras de alguns o silêncio de outros torna-se audível, tal como, em razão da companhia de alguns, a solidão de outros é realçada.
7
As guerras interiores de alguns com a própria solidão promovem a tentativa de pacificação a partir do convívio exacerbado e da fuga de si, assim como os conflitos nas relações podem criar a necessidade de uma paz só alcançável pela solidão.
8
Deus quis se vingar de sua solidão insondável e criou os homens, solitários inveterados, à sua imagem e semelhança, ou foram os homens que, querendo vingar-se de suas solidões, criaram um Deus que, como tudo que é tão grandioso, não pode ter iguais e deve, portanto, existir enquanto imensurável solitário?
9
Nada pode frustrar aquele que está preparado para a guerra mais impetuosa e para a solidão mais abissal: pois nelas é preciso encarar a morte e o nada, e a visão do mais terrível o prepara para as abruptas oscilações do destino.
10
Na guerra, a vida costuma ser salva com a ajuda de infantarias e esquadrões, grupos em geral – mas a morte continua sendo um evento solitário.