1
De algum modo obscuro, o ser humano, em geral, parece ter a necessidade da corporificação do poder: quando isso é passado à política, por exemplo, surge a necessidade de líderes, autoridades e outros tipos que demandam alguma hierarquia, com maior ou menor poder. É como se dissessem: “aquele poder existe e está ali; ele habita um corpo vivo e vive entre nós” – e mesmo o mais anarquista desejará, de uma ou outra forma, a corporificação de seus próprios conceitos.
2
O igualitarianismo trazido a variados meios axiológicos ajuda a produzir, com o tempo, o niilismo.
3
Costumam ser os Estados
Semelhantes aos corpos
Quando feridos e abertos,
Morrendo, de si enfim incertos:
Mostram ambos as entranhas
Até então encobertas
(Escondendo repugnâncias) –
O colapso as traz às vistas!
4
Kafka, em sua obra “carta ao meu pai”, escreve que “a razão dos tiranos se funda em sua pessoa e não no pensamento”. O socialismo, porém, inverte isso e procura tal pensamento inicialmente e suas razões, embora ao final triunfe apenas o tirano e sua pessoa.
5
A mendicância relativa às benesses de um mundo transcendente facilitou, a longo prazo, a existência da mendicância estatal.
6
O poder isolado da competição cria a tirania e o monopólio: é do fundamento das coisas o fato de o poder conseguir destruir a competição – bem como o fato do contrário não ser verdade. Ora, o poder é mais originário, e a necessidade por ele é uma das causas da própria competição: e, em consonância com isso, esta última ergue-se enquanto o meio de poder capaz de equilibrar o próprio poder.
7
Os frutos das obsessões estatais e políticas desviam, a longo prazo, os propósitos privados: costumam jogar o indivíduo contra si próprio na medida em que o enfraquecem diante de uma suposta demanda abstrata e coletiva.
8
É uma tendência do Estado tornar crime tudo aquilo que é mais eficiente que ele próprio.