1
Tudo que de bom tinhas
Era meu eu espelhado?
Mas tu… quem eras,
Se me mantinhas
Por mim mesmo enamorado?
2
Assim disse-me o passante:
“Tento retomar, debalde,
Uma felicidade que,
Pelo destino, foi-me
Roubada… Ah! Diante
De mim, nada mais fixa-se
Que a memória retesada
De uma esperança perdida.
Quantos sóis haverão
De nascer para que eu esqueça
De sua espectral presença?
Desmemórias em vão”.
E se foi então, sem pressa –
Sem ansiar por compreensão.
3
Ocultamos, no tempo perecido,
O que jamais voltará a ser dado.
Um dia não nos reencontraremos
Para viver o que não vivemos?
Para o ocultado se desvelar
E o sonhado voltar a se sonhar?
Ou tão somente para repetir tudo
No retorno da eternidade do mundo.